ESCOLA
ESTADUAL DE ENS. MÉDIO DR. OSCAR TOLLENS
RUA VIDAL
DE NEGREIROS, Nº 432 – PARTENON
TELEFONE –
(51)3384-7067
|
Componente
curricular: Religião Atividades 1 e 2 3ºANO EM
Queridos estudantes!!
Continuamos em isolamento social.
Espero que estejam fazendo a sua parte e que este nosso isolamento seja muito
eficaz para conter a disseminação do novo Coranavirus (COVID-19). Que este
período seja breve e que possamos nos reunir o quanto antes. Saudade de todos!!
#FIQUEEMCASA!!!
Leia o texto abaixo e depois responda as questões propostas
após o texto!!
A carta do chefe
indígena
A importância de se
compreender a interação organismo/meio fica mais clara para um ser humano
quando ele vive em contato com a natureza, longe dos grandes centros onde a
tecnologia predomina. Para exemplificar isso, vamos reproduzir uma carta
escrita por um chefe indígena da América do Norte que foi enviada em 1854 ao
então presidente dos EUA, Franklin Pearce. Na ocasião, o presidente havia proposto
ao índio a compra de suas terras, dando-lhe em troca uma reserva. A carta do
chefe indígena tem sido amplamente divulgada pela Organização das Nações Unidas
(ONU) como um dos mais belos exemplos de consciência ecológica. Ela nos alerta
para problemas ecológicos atuais decorrentes do despreparo do ser humano para
compreender as leis da natureza. Apesar de escrita em 1854, seus ensinamentos
são válidos até hoje.
Vamos analisar a
referida carta que reproduzimos a seguir:
“Como é que pode comprar
ou vender o céu, o calor da terra? Essa ideia nos parece estranha.
Se não possuímos o
frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é
sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de
areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir
são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo
das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco
esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos
mortos jamais esquecem essa bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos
parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o
cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos
úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro e o homem – todos pertencem a
mesma família.
Portanto quando o grande
chefe de Washigton manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de
nós. O grande chefe diz que nos reservará um lugar aonde possamos viver
satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Portanto, nós vamos
considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta
terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que
escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue dos nossos
antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é
sagrada, e devem ensinar as suas crianças
que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de
acontecimentos e lembranças da vida do
meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.
Os rios são nossos
irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas
crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus
filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem
dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem
branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o
mesmo significado que qualquer outro, pois é um forasteiro que vem a noite e
extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga,
e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás o túmulo de
seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus
filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos
são esquecidos. Trata sua mae, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que
possam ser compradas, saqueadas, vendidas, como carneiros ou enfeites
coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos
costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do
homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho seja um selvagem e não
compreenda.
Não há um lugar quieto na
cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de
flores na primavera ou bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu
seja um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos e
o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou
o debate dos sapos ao redor de uma lagoa a noite? Eu sou um homem vermelho e
não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vente encrespando a face do
lago e o próprio vento limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o
homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a
árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco
não sente o ar que respira. Como um homem agonizando há vários dias, é
insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele
deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito
com toda vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar
também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem
mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa
ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar
sobre a sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma
condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não
compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na
planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu
sou selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser
mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os
animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão
de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há
uma ligação em tudo.
Voces devem ensinar as
suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que
respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de
nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa
mãe. Tudo que acontecer a terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens
cospem no solo, estão cuspindo em si mesmo.
Isto sabemos: a terra não
pertence ao homem; o homem pertence a terra. Isto sabemos: todas as coisas
estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra
recairá sobre os filhos da terra. O Homem não tramou o tecido da vida; ele é
simplesmente um dos seus fios. Tudo que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo
Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do
destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma
coisa estamos certos, o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus
é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que possuem, como desejamos possuir nossa
terra, mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e sua compaixão é igual para
o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é
desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo do que
todas as outras tribos. Contamine suas camas, e uma noite serão sufocados pelos
próprios dejetos.
Mas, quando sua aparição,
vocês brilharão intensamente, iluminados pela forca do Deus que os trouxe a
esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre
o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos
que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios seja todos domados,
os recantos secretos da floresta densa sejam impregnados do cheiro de muitos
homens e a visão dos morros seja obstruída por fios que falam. Onde está o
arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o
início da sobrevivência”.
RESPONDA
¨ Selecione trechos da carta escrita pelo índio em que fiquem
registradas suas preocupações quanto ao despreparo do homem branco:
- para lidar com a terra;
- para entender a importância da preservação da qualidade do ar;
- em relação ao respeito aos outros animais.
¨ Comente o seguinte trecho de uma frase da carta: “(...) a terra
não pertence ao homem; o homem pertence a terra (...) todas as coisas estão
ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.” Que noções
estão embutidas nessas palavras?
¨ Comente este trecho da referida carta: “Contaminem suas camas, e
uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos”. Que mensagem está embutida
nestas palavras?