Componente Curricular:
Filosofia | Série: 2º ano EM | Professor: Cristian | e-mail:
crisrconrad@gmail.com |
INSTRUÇÕES:
Copiem
(ou imprimam e colem) no caderno e resolvam as questões ao final!
Essas
atividades avaliativas deverão ser entregues via e-mail
atividadesfeitas.oscartollens@gmail.com até o dia 20/06, podendo ser em Word,
PDF ou foto do caderno.
O
assunto do e-mail deverá ser: atividade realizada da disciplina sociologia e
sua turma.
Preconceito - A ética
e os estereótipos irracionais
Por Antonio Carlos Olivieri
Ética
é a área da filosofia que estuda o comportamento humano. Portanto, um problema
ético de grande relevância e interesse é o preconceito, uma vez que se trata de
um comportamento que cria vários problemas práticos para o ser humano. Para o
filósofo, ou melhor, no âmbito filosófico, para se tratar do tema, a primeira
questão a ser levantada é: o que é ou em que consiste o preconceito?
A
resposta que se dará a essa questão aqui tem como base as ideias do filósofo e
jurista italiano Norberto Bobbio, cujas posições éticas e políticas costumam
ser acolhidas pelos mais diferentes grupos, sejam de direita ou esquerda, por
exemplo. Ao analisar o preconceito, Bobbio deixa claro que ele se constitui de
uma opinião errônea (ou um conjunto de opiniões) que é aceita passivamente, sem
passar pelo crivo do raciocínio, da razão.
O estereótipo
Em
geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, um
estereótipo, do tipo "todos os alemães são prepotentes", "todos
os americanos são arrogantes", "todos os ingleses são frios",
"todos os baianos são preguiçosos", "todos os paulistas são
metidos", etc. Fica assim evidente que, pela superficialidade ou pela
estereotipia, o preconceito é um erro.
Entretanto,
trata-se de um erro que faz parte do domínio da crença, não do conhecimento, ou
seja ele tem uma base irracional e por isso escapa a qualquer questionamento
fundamentado num argumento ou raciocínio. Daí a dificuldade de combatê-lo. Ou,
nas palavras do filósofo italiano, "precisamente por não ser corrigível
pelo raciocínio ou por ser menos facilmente corrigível, o preconceito é um erro
mais tenaz e socialmente perigoso".
Ao
apresentar a base irracional do preconceito, Bobbio levanta a hipótese de que a
crença na veracidade de uma opinião falsa só se torna possível por que essa
opinião tem uma razão prática: ela corresponde aos desejos, às paixões, ela
serve aos interesses de quem a expressa.
Preconceitos
coletivos
Bobbio
distingue os preconceitos individuais, como as superstições, por exemplo, dos
coletivos. Fixa sua atenção nos nestes últimos, porque os primeiros são
inócuos, não produzem resultados graves. Ao contrário do que ocorre quando um
grupo social apresenta um juízo de valor negativo sobre outro grupo social.
Dizer que os homens são diferentes entre si é um juízo de fato, mas, a partir
disso, não existem elementos que fundamente juízos de valor que considerem um
grupo de homens superior a outro. É precisamente essa diferenciação valorativa
que costuma servir de base à discriminação, à exploração, à escravização ou à
eliminação de um grupo social por outro.
Racismo
no Brasil
O
tipo de preconceito mais frequente em nosso país é o racial. O racismo no
Brasil fica mais evidente quando o brasileiro identifica o negro com seu papel
social. A constatação, obtida por meio de pesquisa, é da psicóloga e professora
da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Ângela Fátima
Soligo.
Em
sua pesquisa, a professora pediu aos entrevistados que atribuíssem dez
adjetivos aos homens e mulheres negros. Nessa primeira fase, houve equilíbrio.
Os pesquisados utilizaram adjetivos positivos para definir os negros, como
competentes, alegres, fortes. Em seguida, eles foram estimulados a qualificar
esses adjetivos, atribuindo-lhes características.
O
resultado final revelou que a maioria dos entrevistados, aí incluídos também os
negros, limita-se a reproduzir os chavões sociais. O negro é alegre porque
gosta de samba e Carnaval, forte porque se dá bem nos esportes e competente
para trabalhos braçais. "O adjetivo é positivo, mas o papel social ligado
ao negro mostra um preconceito arraigado na nossa cultura", concluiu a
estudiosa.
Mesmo
nas exceções, a regra se confirmou. "Houve um entrevistado que disse que o
negro pode ser um advogado competente, mas apenas para livrar outros negros da
cadeia, isolando-os à condição de bandidos e marginais". A pesquisa
reforçou a tese de que o brasileiro pratica um "racismo camuflado":
em tese, diz que não tem preconceito, mas prefere limitar as possibilidades e
potencialidades da raça negra. Por exemplo, na pesquisa, não houve
identificação do negro com o intelectual ou o político.
Os
dados da pesquisa foram semelhantes em todos os estados pesquisados, inclusive
na Bahia - cuja capital, Salvador, tem população predominantemente negra e está
culturalmente ligada a tradições africanas. Ela apontou que o modelo, a conduta
e a história dos brancos são mais valorizadas em nossa sociedade. Com isso, os
próprios negros acabam incorporando uma imagem negativa sobre sua raça.
O
problema do racismo brasileiro é antigo. Tem início por volta do final do
primeiro século de colonização, quando os portugueses constataram a
impossibilidade de escravizar os índios. O negro, então, foi trazido à força
para o país, para servir de escravo nas plantações de cana de açúcar.
Independentemente da miscigenação, o negro e os mestiços sempre foram
discriminados socialmente no Brasil.
A
própria legislação brasileira, durante quase 500 anos, estimulou a
discriminação e o preconceito. Nem após a abolição da escravatura e a
proclamação da República, o negro deixou de ser discriminado. Só em 1988, com a
promulgação da Constituição que está em vigor (art. 5º - inciso XLII), a
prática do racismo passou a ser considerada um crime inafiançável e
imprescritível.
Finalmente,
você pode estar se perguntando: tudo bem, já está muito claro o que é preconceito,
como ele se origina e quais são seus tipos mais frequentes, mas a questão
principal é como acabar com ele? Pois bem, veja a resposta dada pelo próprio
Norberto Bobbio:
“Quem
quer que conheça um pouco de história, sabe que sempre existiram preconceitos
nefastos e que mesmo quando alguns deles chegam a ser superados, outros tantos
surgem quase que imediatamente.
Apenas
posso dizer que os preconceitos nascem na cabeça dos homens. Por isso, é
preciso combatê-los na cabeça dos homens, isto é, com o desenvolvimento das
consciências e, portanto, com a educação, mediante a luta incessante contra
toda forma de sectarismo. Existem homens que se matam por uma partida de
futebol. Onde nasce esta paixão senão na cabeça deles? Não é uma panaceia, mas
creio que a democracia pode servir também para isto: a democracia, vale dizer,
uma sociedade em que as opiniões são livres e, portanto são forçadas a se
chocar e, ao se chocarem, acabam por se depurar. Para se libertarem dos
preconceitos, os homens precisam antes de tudo viver numa sociedade livre.”
Onde está a pergunta? ou é um texto pra se copiar no caderno?
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